José Mata Economia da Empresa
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Propinas universitárias

Notícias sobre discriminação de preços em universidades americanas.
Existem formas subtis de identificar diferentes disposição para pagar. Um caso que gerou alguma polémica nos Estados Unidos foi o de uma universidade americana, que cobrava propinas diferentes consoante os estudantes tinham ou não feito visitas ao campus antes da admissão. Quando o fim do liceu se aproxima, os estudantes americanos que querem prosseguir estudos universitários, candidatam-se à entrada nas universidades da sua preferência. Diversos factores pesam na escolha dos estudantes, nomeadamente a qualidade da universidade e o valor das propinas. Nos Estados Unidos este valor pode ser bastante elevado, dado que muitas universidades geram grande parte das suas receitas a partir das propinas pagas pelos seus alunos. Porém, para tentar atrair os melhores alunos, as universidades normalmente têm programas de bolsas de estudo que concedem aos alunos que não podem pagar as propinas.

Os alunos podem candidatar-se a diversas universidades de forma independente, o que normalmente acontece. Aquando da sua candidatura, muito alunos declaram estarem interessados em ser considerados para uma bolsa de estudo. Normalmente, a candidatura não é vinculativa, no sentido em que os alunos não se comprometem a matricular-se nas universidades que os aceitem, nem declaram que só se matricularão se tiverem a bolsa. A razão para que o processo seja assim é que na altura da candidatura a cada universidade, os alunos não sabem quais vão ser os resultados dos processos de candidatura que submeteram às diferentes universidades.

Alguns alunos têm preferências muito fortes por uma universidade, e inscrever-se-ão nessa universidade desde que ela os aceitem, independentemente de lhe ser ou não concedida uma bolsa. Outros terão preferências menos definidas e só tomarão uma decisão final depois de ponderarem as condições financeiras em que cada universidade os aceita. Naturalmente, que mesmo os alunos do primeiro grupo têm interesse em não revelar a sua preferência à universidade da sua eleição. Se para além de serem aceites, lhes for concedida a bolsa, isso representa uma poupança importante, a que na linguagem económica que temos vindo a usar chamaríamos a realização de um excedente do consumidor.

A prática de uma universidade de Pittsburg, que esteve na base da polémica consistia numa decisão muito simples. A universidade não concederia bolsas a estudantes que durante o período da candidatura tivessem aceite o convite da universidade para visitar as suas instalações. Esta decisão não foi obviamente anunciada, mas era praticada, sendo a sua racionalidade a seguinte. Os estudantes que manifestam o seu interesse por uma universidade, são convidados a visitar o seu campus. Os estudantes normalmente não visitam todas as universidades para que se candidatam, sendo razoável supor que visitarão aquela ou aquelas que são as da sua preferência, seja por acharem que são as melhores ou seja por elas terem uma localização mais conveniente. A estes estudantes que, pela sua decisão de visitar o campus, manifestaram uma forte preferência pela universidade, a universidade cobraria um preço mais elevado, não lhes concedendo isenção de propinas. A descoberta de tal prática gerou controvérsia com alegações que a universidade estaria a explorar a boa-fé dos candidatos. Confrontado com estas acusações, o responsável pelas admissões alegou que estava simplesmente a administrar as admissões da forma mais eficiente possível. Na sequência da polémica, a universidade anunciou que iria abandonar esta prática.

College tuition and price discrimination
The new economics of higher education

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